Espécie rara de Anta é encontrada nas matas de Tapiraí -Notícia foi divulgada no National Geografic

A fotografia de uma espécie raríssima de anta albina levou o nome de Tapiraí para o mundo e foi notícia na revista norte-americana National Geografic. O registro foi feito no bairro Ribeirão da Anta (CBA), no Legado das Águas – Reserva Votorantim, em Tapiraí. O fotógrafo Luciano Candisani foi o responsável pelo click, ele contou que montou estúdios na mata e, em um deles, capturou a imagem da anta albina, conhecida cientificamente como Tapirus terrestris. Luciano é formado em biologia pela USP, trabalha com fotojornalismo há 18 anos e foi contratado pela Votorantim para produzir um inventário visual da fauna no Legado das Águas.

O registro da anta foi publicado na revista National Geografic News – do qual ele faz parte, no dia 21 de março, como algo inédito “Super-Rare Albino Tapir Photographed in Brazil” (Anta Albina super rara foi fotografada no Brasil) e, desde então, vem gerando grande repercussão. “A espécie de anta que ocorre no Brasil ainda é abundante em grandes espaços naturais preservados do país, como é o caso do Vale do Ribeira, onde está o município de Tapiraí. Isso é motivo de orgulho para seu habitantes, sem dúvida. O macho adulto que fotografamos é uma raridade. O albinismo na espécie já fora documentado em cativeiro, mas, segundo a especialista Patricia Medici, do IPE - Instituto de Pesquisas Ecológicas, o nosso registro feito em Tapiraí representa o primeiro conjunto de imagens acuradas de uma anta albina na natureza do Brasil”, explicou Luciano. Ele contou, também, que a foto foi feita em maio do ano passado, mas seguraram a divulgação das imagens até a conclusão do trabalho científico. “Os resultados já foram submetidos para a revista científica - A Tapir Conservation - que deve publicar nossos resultados ainda esse ano. Pelos levantamentos, as poucas imagens existentes de antas albinas no mundo foram feitas em zoológicos e nenhuma delas foi publicada em periódicos científicos. Tivemos acesso também a uma imagem de baixa qualidade feita em uma reserva na Argentina, ou seja, é uma ocorrência raríssima”, contou. Luciano falou, ainda, que pela análise das fotos, a especialista em antas Patricia Medici não teve dúvidas, nem conteve o entusiasmo. “Trata-se de um macho adulto e albino. Até onde sabemos é o primeiro registro fotográfico de albinismo em anta na natureza no Brasil e, de longe, o mais completo e preciso trabalho feito no mundo”.

Candisani contou que, em seu trabalho, seja qual for a busca específica, ele, primeiro, encontra um fio condutor: a forte ligação entre as espécies e seu ambiente. “Não se trata da paisagem ou do animal, separadamente, mas de evocar a ligação entre eles, algo invisível mas muito poderoso. Meu trabalho no Legado das Águas – Reserva Votorantim não é diferente. Quero dar uma cara, revelar os fantásticos números da biodiversidade na Floresta Atlântica. Quase não há imagens das espécies na mata em ambiente natural. A paca, por exemplo, é um dos mamíferos mais comuns da fauna, o nome está no nosso imaginário, no nosso folclore, mas a maioria de nós jamais viu uma fotografia de paca na floresta. É um animal elusivo, como a maioria das espécies de florestas tropicais. Quando soube da existência da anta albina na reserva, passei a estudar uma maneira de fotografá-la”, destacou. Ele explicou como foi que fez para registrar esse momento histórico. “Primeiro montei guarda notes seguidas diante de algumas goiabeiras onde elas teriam sido vistas comendo os frutos caídos. Não tive sucesso. A solução veio com uma fotografia disparada pela própria anta elusiva em um estúdio camuflado na mata. Montei a câmera profissional reflex com três flashes ligados a dois sensores de infravermelho calibrados para disparar o obturador e as luzes sempre que algo passasse diante do seu feixe invisível. Em pouco tempo, tivemos dezenas de passagens de antas no estúdio. E meu coração disparou quando, ao revisar as fotografias de uma noite, apareceu de súbito, em um dos quadros, um casal de antas, inteiras e bem focadas, sendo uma delas totalmente branca, tal qual nos relatos propalados na reserva”, contou entusiasmado.

Luciano é fotojornalista seguindo, sempre, o tema da natureza. Trabalha para a revista National Geographic, tanto para a edição principal, nos EUA, quanto a edição local brasileira. Além das reportagens fotográficas para a National Geographic e revistas e jornais no Brasil e exterior, faz muitos trabalhos para empresas que tem atuação ambiental importante.