Colunistas - Vilma Damasio - O porvir e o nada
- VILMA DAMASIO
- 5 de ago. de 2016
- 5 min de leitura
Caros leitores:
Capítulo I
O porvir e o nada
É certo que vivemos, pensamos e agimos, como também é óbvio que hoje ou amanhã morreremos, ou seja, passaremos a viver, pensar e agir num outro plano de vida. Mas qual será esse plano de vida para onde iremos ao deixar a Terra? Estaremos em melhor ou pior situação que aquela em que nos encontramos atualmente ?
Há ainda os que se perguntam se a vida continua ou se tudo se acabará com ela. Haverá coisa mais desesperadora do que esse pensamento de destruição absoluta, ou seja, a ideia do nada após a destruição do corpo? De que valeriam então o saber, adquirido muitas vezes a custa de grandes sacrifícios e o progresso elaborado através de não menos dificuldades? E as afeições caras? Evaporar-se-iam, perdendo-se na imensidão do Cosmos? Qual a razão então de nos preocuparmos em vencer as más tendências e os vícios; e aprimorarmos as qualidades morais e a inteligência; em nos devotarmos à causa do progresso, das artes e da ciência se nada disso valesse? Entretanto, intuitivamente, sabemos que não é assim.
A crença no nada chamada de "niilismo", leva o homem a concentrar seus pensamentos na vida presente. Leva-o ao egoísmo, ao gozo desesperado pelos prazeres materiais, pois não sabe quanto tempo lhe resta para desfrutá-los. A lei é a do mais forte; o lema, cada um por si; a felicidade, do mais esperto. As leis humanas apenas atingem os tolos e por isso empregam a inteligência no melhor meio de se esquivarem à ação delas.
Essa doutrina é insensata, anti social e rompe os verdadeiros laços de solidariedade em que se fundam as relações sociais. Felizmente os que se dizem adeptos dessa crença têm mais dúvidas do que convicção quanto ao que afirmam, possuindo mais medo do nada do que procuram apresentar.
A doutrina Espírita, mais do que qualquer religião, vem colocar uma barreira entre o homem e essa crença, que dia a dia perde mais adeptos. Isso porque faz o homem ver os perigos que ela acarreta, além de principalmente, mostrar por fatos materiais, visíveis e tangíveis, que a alma existe.
Outra doutrina, não menos perigosa, é a da "absorção no Todo Universal" que admite a existência de um princípio inteligente fora da matéria. Segundo essa doutrina o homem, ao nascer, assimila uma parcela desse princípio, que vem a constituir a sua alma e lhe dá vida, inteligência e sentimentos. Com a morte essa alma volta ao foco comum, perdendo-se no infinito como uma gota d'água no oceano. Embora admitindo o princípio inteligente, as consequências de tal doutrina são as mesmas em relação ao puro materialismo.
Para o homem ser imerso no reservatório universal ou no nada, é a mesma coisa. Ser aniquilado ou perder a individualidade é o mesmo que não existir. As relações sociais são rompidas para sempre. É necessário que o homem creia na conservação do seu Eu para que se sinta responsável pelos próprios atos para que queira progredir e ajudar no progresso da humanidade.
Continuação de O CÉU E O INFERNO
Existem portanto as seguintes alternativas que são: O nada, ou niilismo; A absorção no Todo Universal e A individualidade da alma antes e depois da morte.
A lógica nos leva a esta última crença, crença que tem sido a base de todas as religiões. E, se a razão nos impele à individualidade da alma, nos leva também à seguinte conclusão:- de que o destino do homem deve depender de seus atos, de suas qualidades morais, pois não é admissível que as almas atrasadas e perversas tenham o mesmo destino que a do sábio e a do homem de bem. Por essa razão Deus nos deu o livre arbítrio e, segundo os princípios de justiça, somos os responsáveis por cada um de nossos atos.
Todas as religiões admitiram as penas e gozos futuros, ou seja, a felicidade ou infelicidade da alma após a morte. Em outras palavras: a doutrina do céu e do inferno, encontrada em toda parte e em todos os tempos.
O homem tem necessidade de crer, e a religião deve ser apropriada as seus conhecimentos. Ela deve acompanhar o progresso do espírito humano e, desde que a mesma se harmonize com suas necessidades intelectuais, ele crerá. O homem quer saber de onde veio e para onde vai. Apresentando-se-lhe um futuro que a sua razão admita, que corresponda às suas aspirações e à ideia que faz de Deus, aliando-se ao que a ciência lhe fornece, ele repudiará o materialismo e tudo quanto é irracional e ilógico.
No Evangelho Segundo O Espiritismo, sob o título - Aliança da Ciência com a Religião - Kardec diz: "A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana. Uma revela as leis do mundo material e a outra as leis do mundo moral. Mas aquelas e estas leis,tendo o mesmo princípio, que é Deus,não podem c das outras,contradizer-se. Se umas forem a negação das outras, umas estarão necessariamente erradas e as outras certas, porque Deus não pode querer destruir a sua própria obra. A incompatibilidade, que se acredita existir entre essas duas ordens de ideias, provém de uma falha de observação e do excesso de exclusivismo de uma e de outra parte. Disso resulta um conflito, que originou a incredulidade e a intolerância".
" São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo devem receber o seu complemento; em que o véu lançado intencionalmente sobre algumas partes dos ensinos deve ser levantado; em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, deve levar em conta o elemento espiritual; e em que a Religião, deixando de desconhecer as leis orgânicas e imutáveis da matéria, essas duas forças, apoiando-se mutuamente e marchando juntas, sirvam uma de apoio para a outra. Então a Religião, não mais desmentida pela Ciência, adquirirá uma potência indestrutível, porque estará de acordo com a razão e não se lhe poderá opor à lógica irresistível dos fatos".
"A Ciência e a Religião não puderam entender-se até agora porque, encarando cada uma as coisa do ponto de vista exclusivo, repeliam-se mutuamente. Era necessário alguma coisa para preencher o espaço que as separava, um traço de união que as ligasse. Esse traço está no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal, leis tão imutáveis como as que regulam o movimento dos astros e a existência dos seres.Uma vez constatadas pela experiência essas relações,uma nova luz se fez; a fé se dirigiu à razão,esta nada encontrou de ilógico na fé e o materialismo foi vencido."
"Mas nisto, como em tudo, há os retardatários, até que sejam arrastados pelo movimento geral, que os esmagará, se quiserem resistir, em vez de se entregarem."
Eis porque o Espiritismo é abraçado por todos quantos se encontravam atormentados pela dúvida:- Por que traz em si a lógica e o raciocínio. Por todos aqueles que estão em aflição e pelos que choram:-Porque é a doutrina que consola e alivia as dores.
Final do primeiro capítulo

Vilma Damásio, Piedadense, é Colaboradora do Blog Melhorias para Piedade com sua coluna Semanal: Escritora e Professora, Vilma lançou 5 Livros que estão disponíveis para Venda no Site da AGBOOK, Clique aqui e conheça os cinco livros da Autora...
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